Raw 07 de Janeiro de 2008

Mudou o ano, mas não posso dizer sem arriscar que me cresça o nariz que a primeira Raw de 2008 foi como eu teria desejado. Se os anglófonos têm uma expressão toda catita chamada “going through the motions” que se poderia aplicar aqui, penso que os portugueses conseguem ficar ainda mais perto com o seu equivalente. É que esta Raw foi mesmo “para encher chouriços”.
Depois de na semana passada eu ter elogiado esta última storyline com o Ric Flair, já devia estar à espera que esta semana ele fosse mais difícil de encontrar que uma pessoa honesta na direcção do Benfica. Longe de mim tentar imaginar o que vai pelas cabeças da Creative Team da WWE, mas o facto é que se esta é efectivamente a despedida do lendário Nature Boy e se esse combate final está marcado para a Wrestlemania 24, então penso que faria todo o sentido se ele tivesse uma presença muito mais assídua nas Raws que faltam até lá. Compreendo que não seja fácil conseguir colocar o Ric Flair todas as semanas em situações em que o público acredite genuinamente que ele está em risco de perder, mas ele nem sequer aparecer é que não dá mesmo. Ponham-no a combater contra o Brooklyn Brawler, se for preciso, mas não deixem o Naitch de fora das últimas Raws da sua carreira.
De resto nesta Raw tivemos o regresso da roleta, que para quem não sabe tem sempre dois efeitos: estipulações diferentes às que estamos habituados e a garantia de que os feudos ficam exactamente na mesma do que estavam até aqui. E foi isso que aconteceu com Triple H e William Regal, Shawn Michaels e Mr. Kennedy, e Chris Jericho e JBL. Ninguém ficou propriamente na mó de cima e nenhuma storyline avançou... pode até ser divertido ver Carlito vestido à Hardcore Holly e vice-versa, mas o certo é que quem não vir a Raw desta semana pode ver a da próxima sabendo que está tudo na mesma como da última vez. E não devia ser assim, pois não?
Assinale-se também o segundo regresso menos desejado por mim (escusado será dizer quem é o primeiro), nomeadamente o da Ashley. É certo e sabido que gostos não se discutem, a beleza está nos olhos de quem vê, e essas coisas. Alguns estrábicos míopes com cataratas até chegam a duvidar da divindade da soberba Eliza Dushku. Mas sinceramente não consigo entender o que alguém pode ver na Ashley. Será a cara perfeitamente banal? O piercing espetado nas beiças? As roupas de prostituta esfomeada? As tatuagens ridículas nos cotovelos? Enfim, não só regressou como venceu o seu primeiro combate neste regresso, o que me faz recear pelo futuro da divisão feminina da WWE. Depois de a Beth Phoenix já ter sovado a Mickie James sem grandes dificuldades, será que vamos ter a Ashley a disputar o título? Santa Eliza Dushku queira que não.
Outra coisa que me preocupa é a quantidade de rumores sobre a participação do Hornswoggle na Royal Rumble. Numa edição em que não se adivinha um vencedor antecipado, ou pelo menos um par de últimos sobreviventes, a entrada do antigo Little Bastard pode vir a ser mais do que um momento cómico. Admito que não estou a ver o Vince a colocá-lo contra o Randy Orton ou Edge na WrestleMania 24, mas ainda assim tenho medo. Muito medo.
Deixando o melhor para o fim, esta Raw trouxe um momento que por certo vai fazer parte de muitas highlight reels no futuro. Refiro-me evidentemente ao Whisper in the Wind do Jeff Hardy a partir do topo da steel cage. É como eu digo, não avançou muito a storyline da luta dele pelo título, para lá de deixar o público ainda mais maluco com ele, mas arrisca-se bem a ser o golpe mais impressionante de 2008. E se o Homer Simpson (aposto que se estavam a perguntar a razão da imagem) entrou para o dicionário com a expressão “to pull a Homer” significando “to succeed despite idiocy”, então acho que a partir desta Raw o Jeff Hardy também lá pode estar com a indicação “to succeed despite insanity”. É que foi de loucos, sinceramente.
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