Blog Pro Wrestling Portugal: As ordens do Boss: Porque mexer na história costuma dar mau resultado



As ordens do Boss: Porque mexer na história costuma dar mau resultado

A ressurreição da Extreme Championship Wrestling operada pela World Wrestling Entertainmente tem sido tema de conversa nos últimos tempos. E não é caso para menos. Depois de uma larga promoção por parte da WWE no seu programa principal (Monday Night RAW) e de um PPV que foi um sucesso, a ECW tomou o seu lugar na Sci-Fi Network e começou a exibir uma hora de programa semanalmente, às terças-feiras.

Se no início esta ideia me agradou, posso agora dizer que estou francamente desiludido com ela e com as suas implicações para o legado da promoção mais vanguardista dos anos 90. E não é a primeira vez que a WWE tenta mexer no passado e as coisas dão para o torto.

Se bem me lembro, foi a 26 de Março de 2001 que a TNT exibiu pela última vez uma edição semanal do WCW Monday Nitro. Nessa noite, depois de assistirmos a um simbólico Ric Flair vs. Sting, Shane McMahon apareceu no Nitro, para aquela que foi a primeira e única emissão em simultãneo dos dois programas. Começou aí a storyline da compra da WCW por parte do filho de Vinnie Mac, mesmo debaixo do seu nariz.

Passada a WrestleMania X-Seven, entrámos numa fase em que a WCW invadiu a WWF sucessivamente, tentando controlar a promoção de McMahon. Aquele que era um feud de sonho, aguardado há anos pelos fãs, acabou por se tornar num verdadeiro pesadelo. Devido à incapacidade de garantir grandes nomes da WCW, McMahon viu-se forçado a centrar a rivalidade nos seus próprios lutadores. Vendo a dificuldade que tinha em manter o público interessado, juntou à sua ex-rival a ECW, supostamente propriedade de Stephanie McMahon-Helmsley. Tivemos então um PPV chamado InVasion, onde teve lugar o primeiro grande confronto da entre WWF e a Aliança (WCW e ECW, curiosamente, duas companhias que não se podiam ver nem pintadas enquanto independentes). Mais uma vez, um lutador da WWF (Steve Austin) foi o centro das atenções. Nem rasto de grandes nomes como Hogan, Sting ou Flair (que regressaria à WWF no dia a seguir ao terminus da storyline). O feud teve o seu final meses depois, nas Survivor Series, com a WWF a sair vencedora, como é óbvio. Dos grandes planos que McMahon tinha, poucos se concretizaram e este plano de invasão é ainda hoje indicado como um dos principais factores que levou ao declínio da popularidade do wrestling.

Vince McMahon parece não ter aprendido com os erros do passado. De tal modo que anunciou a criação de uma terceira brand em 2006 - a ECW. Verificou-se o regresso de alguns dos grandes nomes da promoção, tais como Sandman, Sabu e Justin Credible. Rob Van Dam foi movido para lá. Kurt Angle, numa opção criticável, também o foi. Big Show foi adicionado ao roster. E as coisas começavam a ficar preocupantes.

Estas mudanças fazem-me lembrar demasiado a Invasion. Os lutadores da WWE, tal como na altura, apareciam como figuras de proa, descaracterizando a promoção. Mas mais problemas viriam.

O primeiro programa foi o chamado "trainwreck". Das piores coisas que eu já vi. Combates fraquíssimos, Justin Credible a sofrer um squash de Kurt Angle, demasiadas intervenções dos lutadores da WWE, etc. Um monte de coisas erradas. Notava-se a mão de Vince McMahon.

Mas era o primeiro programa. Teria sido importante uma estreia em grande, mas era minimamente desculpável. Só que o segundo programa manteve o nível do primeiro, à excepção de ter tido um main event melhor. E desde então não tem melhorado muito. O terceiro teve um bom combate a fechar, mas nem por isso foi um grande programa.

No entanto, denotava-se uma certa evolução. Evolução essa que foi travada pela detenção de duas das maiores estrelas da companhia: Rob Van Dam e Sabu. Com a necessidade de dar o exemplo ao balneário, a WWE não teve alternativa senão punir os dois lutadores. Com isto, a ECW perdeu grande parte do seu star power.

Tendo em conta que Rob Van Dam era o Campeão do Mundo da WWE e ECW, era imperativo que perdesse os cintos antes de receber a punição. Isso aconteceu na segunda e na terça, respectivamente. E se a escolha de Edge para lhe suceder como Campeão da WWE me agradou, já a de Big Show para novo Campeão da ECW irritou-me profundamente. Este lutador faz parte da ECW há 4 semanas. Nunca tivera qualquer ligação com a companhia sequer, pelo que esta escolha me parece forçada e feita em cima do joelho. Espero enganar-me. Mas os fãs também não gostaram muito. Uma chuva de objectos dirigidos a Show no fim do programa pelos fãs de Philadelphia demonstram que a escolha não foi do seu agrado.

Com tudo isto, a ECW vai de mal a pior. Há um lutador que eu quero ver: CM Punk. Este homem, caso lhe dêem o devido push, pode tornar-se a cara da ECW e dar-lhe um outro ânimo, uma vez que a WWE não parece saber o que fazer com lutadores como Sandman, que anda a despachar jobbers semana após semana, ou os membros do FBI, que continuam sem storyline.

Mas a questão que mais me preocupa é o final dos combate com regras ECW. O que demarcava a ECW das outras promoções era a sua vertente hardcore. Neste momento, combates desse género só acontecem em ocasiões especiais. Este é o derradeiro golpe na alma da ECW e demonstra o estado avançado da caminhada para a WWE-ização da brand. Esta é uma situação que me desgosta profundamente e tudo o que espero agora é que, sinceramente, a nova ECW não dure muito tempo, para não danificar irremediavelmente o legado da original, que tão importante foi para o desenvolvimento deste desporto.
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1 Comentários:

Em sexta-feira, 07 julho, 2006, Blogger Diogo Sequeira disse...

Parabéns bom post

 

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