Blog Pro Wrestling Portugal: O Príncipe de Chichester



O Príncipe de Chichester

Saudações, fadistas da minha terra.

Quem vagueia pela Internet decerto já encontrou vários sites onde se coloca a questão sobre quem é mais cool. Independentemente do país ou do tema do site, esta parece ser uma pergunta que a todos fascina e onde todos têm uma opinião bem formada. As respostas variam inevitavelmente entre ninjas, piratas, zombies, robots ou até mesmo megalodons, mas é óbvio que todas estão erradas. Quem segue a WWE desde o ano passado sabe que não há ninguém mais cool que o The Great Khali. Isto não é uma opinião, é um facto.

Já antes de chegar ao Wrestling americano o The Great Khali era uma vedeta internacional. Deslumbrou o Japão com combates de grande primor técnico e fez uma dupla que ainda hoje é recordada com saudade, a Team 7, juntamente com o Giant Silva. Mas se este último optou por continuar a carreira em Mixed Martial Arts, onde tem já um currículo deveras interessante, Khali deixou-se seduzir pelo mundo do cinema, tendo tido um papel muito elogiado pela crítica no blockbuster “The Longest Yard”. Ainda assim, quis Santa Eliza Dushku que o bichinho do Wrestling não o largasse, e aquele que é hoje considerado o melhor lutador asiático de sempre resolveu tentar a sua sorte na América.

O The Great Khali estreou-se na WWE (mais concretamente na SmackDown) a 7 de Abril de 2006, atacando o Undertaker durante o seu combate com o Mark Henry. Isto foi duplamente cool, porque não só o Undertaker é das maiores estrelas do Wrestling de todos os tempos, e consequentemente uma excelente escolha para primeira vítima, como ainda por cima permitiu ao Michael Cole dizer uma das frases mais lendárias de sempre no mundo do Wrestling, “I have never seen the Undertaker manhandled like this”, que como todos sabemos já foi usada em relação a dezenas de wrestlers ao longo dos anos, incluindo King Kong Bundy, Yokozuna, Giant Gonzalez, Kane e o próprio Mark Henry, o adversário do Undertaker nessa noite. Mais cool ainda, Khali atacou o Undertaker sem qualquer explicação ou motivo. O homem domina de tal forma que nem sequer precisa de razão para atacar o Undertaker, simplesmente aparece lá e enche-o de porrada.

Seguiu-se então o inevitável feud com o Deadman, no qual o The Great Khali saiu indubitavelmente por cima, chegando até a conseguiu o pin apenas com o pé em cima do peito do Undertaker. Covers são para os frouxos, pensou ele. Já antes disso Khali teve um combate visualmente fascinante contra o então campeão Rey Mysterio, que naturalmente foi dizimado pelo colosso indiano. Posteriormente Khali continuou a mostrar a Carlito o que é ser-se verdadeiramente cool, introduzindo um novo tipo de combate para o seu confronto com o Undertaker, o Punjabi Prison Match! A expectativa do público por este combate foi tanta que o respectivo PPV, o Great American Bash, conseguiu vendas que de outro modo seriam impensáveis. As pessoas simplesmente precisavam de ver o The Great Khali a trucidar o Undertaker num combate feito à sua medida, mas infelizmente não tiveram essa oportunidade, já que um problema de saúde obrigou à substituição de Khali pelo Big Show. Escusado será dizer que a ausência de Khali tornou o combate numa tremenda desilusão, visto que para começar não fazia qualquer sentido ter dois lutadores a combater num gimmick match totalmente preparado para um outro. E claro, o Big Show é um wrestler com uma carreira assinalável, mas não é nenhum The Great Khali.

Nos tempos seguintes Khali continuou a deslumbrar o mundo do Wrestling, com vitórias fáceis sobre adversários de grande valia. Tal domínio não passou despercebido a Vince McMahon, que o considerou como a estrela que a nova ECW precisava para se impor nas audiências. Contudo, e após pouco mais de dois meses a brilhar na ECW, com o público completamente rendido à sua técnica apurada, ao seu carisma e sobretudo à sua coolness, Triple H lesiona-se com gravidade e torna-se necessário trazer uma nova vedeta para a Raw. Realisticamente falando, a escolha só podia ser o The Great Khali. Contudo, e se à partida poderia parecer bom para Khali chegar à brand principal da WWE, por esta altura já todos sabem que é lá que mora o verdadeiro coveiro do Wrestling, aquele que nos últimos tempos tem enterrado todos aqueles que lhe tiveram a infelicidade de aparecer à frente. Essa criatura vil, a quem o público português deu recentemente o tratamento por norma reservado a nazis pedófilos que cheiram mal dos pés, dá pelo nome ridículo de John Cena.

Se as alunas do grande arquitecto que queriam melhorar a nota sem estudar já sabiam o que as esperava, aliás que o diga a menina da Kookaï, também na Raw já todos os wrestlers sabem qual é o seu destino, e não se pode dizer que seja muito mais agradável. Khali não foi a excepção, tendo sido imediatamente colocado num feud com John Cena, o qual, no meio das vaias do público que não se sente sexualmente atraído por ele, tratou de vencer Khali por pin e submissão em poucos minutos. O costume para John Cena, portanto.

Felizmente o The Great Khali não se deixou abater por esta humilhação, já que bem vistas as coisas poucos restam hoje em dia na WWE que não tenham passado pelo mesmo. Mesmo sem o título que já merecia, Khali é sem dúvida um favorito do público, que sabe distinguir os verdadeiros campeões daqueles que são os equivalentes no mundo do Wrestling às boy bands que vendem milhões de discos e esgotam concertos sem saberem tocar nada para lá de uma campainha. Regressado à SmackDown, o The Great Khali prepara-se para voltar a ser a força avassaladora e über-cool que foi até ao flagelo Cena. E sinceramente, quantos wrestlers conhecem que sejam tão cool que nem sequer precisem saber falar inglês?
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