Blog Pro Wrestling Portugal: A importância de ser Kennedy



A importância de ser Kennedy

Saudações, fadistas da minha terra.

A 22 de Novembro de 1963, na cidade de Dallas, o presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy foi assassinado a tiro, provocando tremenda consternação e dando azo a teorias da conspiração que perduram até aos dias de hoje. O impacto desse trágico evento só tem comparação a nível português com a derrota do Benfica em Vigo, embora depois de tantos anos já ninguém se consiga recordar ao certo de quantos golos o Benfica sofreu, ou mesmo se esse jogo aconteceu realmente. Seja como for, o facto de ter morrido jovem e de um modo tão brutal e controverso fez de JFK uma lenda americana e do nome Kennedy uma verdadeira instituição.

Contudo, e se ainda hoje existem membros da família Kennedy na política, era nos ringues de Wrestling que essa falta mais se fazia sentir. Tal como na Guerra Fria quando os americanos escolheram JFK para os liderar, também no Wrestling fãs de todo o mundo ansiavam por um lutador que os inspirasse, que os fizesse acreditar novamente que a WWE pode ser mais que spinner belts envergados por lutadores que parecem saídos de um qualquer concurso de novo white rapper da MTV. Eis então que surge Ken Kennedy, que homem do povo como é desde logo exigiu ser tratado por Mr. Kennedy. Seria esta a resposta às preces de muitos fãs desanimados?

Os primeiros tempos de Kennedy na WWE foram iguais aos da maioria dos lutadores, com a passagem mais ou menos inevitável pelos territórios de desenvolvimento, mas desde cedo se percebeu que estávamos na presença de alguém especial, alguém capaz de mostrar que irreverência não é chamar gays aos adversários mas sim construir uma personalidade inovadora e entusiasmante. Foi isso que Kennedy fez logo na primeira vez que agraciou os ringues da WWE com a sua presença, mandando calar Tony Chimel e apresentando-se a si mesmo, fazendo o microfone descer do tecto e gritando o próprio nome a plenos pulmões... duas vezes! Esta exuberância old school não se perdeu nos fãs, que se recordaram de tempos idos em que os campeões eram homens do espectáculo mas não palhaços, entusiásticos mas não ridículos, aplaudidos pelas pessoas que divertiam e não pelas que queriam ter relações sexuais sórdidas com eles.

Os tempos seguintes viram Mr. Kennedy tornar-se na estrela em maior ascensão de toda a SmackDown!, porventura de toda a WWE. A técnica de ringue era boa, a presença melhor ainda e o carisma estava lá à vista de todos. Não se podia comparar Kennedy com Hulk Hogan ou Steve Austin, que encarnaram na perfeição o zeitgeist das respectivas décadas, nem com The Rock, porventura o mais carismático de todos os tempos, mas era nítido que Kennedy estava destinado para grandes voos. Infelizmente é o fado de alguns grandes talentos serem atormentados pelas lesões (que o diga Mantorras), e foi justamente isso que aconteceu com Kennedy. Uma lesão muito grave numa digressão internacional atirou-o para a enfermaria durante vários meses. Este longo período de ausência poderia ter levado ao desespero muitos fãs, mas felizmente que a WWE conseguiu contratar o maior wrestler asiático de sempre, de seu nome The Great Khali, que durante a recuperação de Kennedy praticamente carregou a empresa às costas sozinho.

Impossibilitado de participar em combates, Mr. Kennedy passou então a ser um terceiro comentador da SmackDown!, aprimorando os seus dotes de comunicação e sobretudo mostrando aos fãs que ainda ali estava e que o seu regresso era inevitável. Uma vez debelada a lesão, Kennedy sucedeu a Bill Goldberg (com outros dois ou três lutadores pelo meio) como United States Champion. O título foi perdido algum tempo depois, mas Kennedy conseguiu ir ainda mais longe, vencendo o combate do Money in the Bank na sua primeira WrestleMania, e conquistando assim o direito a desafiar o campeão de qualquer brand num combate pelo título. Os fãs rejubilaram e ficaram a imaginar para onde iria Kennedy a partir dali, mas infelizmente a resposta foi novamente a mesa de operações, fruto de mais uma lesão com alguma gravidade.

Apesar de estar inactivo, Mr. Kennedy foi recentemente transferido para a Raw, a marca principal da WWE. Os verdadeiros fãs de Wrestling, que esperam e desesperam pelo fim do reinado interminável de John Cena olham agora para ele como um farol no nevoeiro, um dos muito poucos em toda a brand que pode realmente constituir um campeão digno. É certo que nem o João da fábula, o tal que trocou uma vaca por um punhado de feijões, seria suficientemente ingénuo ao ponto de acreditar que alguém em condições normais pode tirar o título a Cena, mas há sempre a possibilidade de haver um “The Marine II – Same Old Shit” que afaste o novo Vanilla Ice dos ringues de Wrestling durante uns meses, o que naturalmente obrigaria a WWE a tirar-lhe o cinto de campeão (provavelmente seria necessário para tal fazer uso dos mesmos equipamentos utilizados para desencarcerar pessoas de carros acidentados) e a dá-lo a alguém indubitavelmente mais digno. Ou melhor ainda, a WWE poderia seguir o exemplo do grande John Bradshaw Layfield e dinamitar o spinner belt, sendo que nesse caso não seria necessário retirá-lo de onde está.

Esperemos então pela recuperação total de Mr. Kennedy, e roguemos a Santa Eliza Dushku para que não se volte a lesionar tão cedo. Com o seu regresso abre-se um novo mundo de possibilidades na Raw, muito enfraquecida com as recentes saídas de Edge, Khali e Flair e as lesões prolongadas de Triple H e Shawn Michaels. Kennedy tem tudo para fazer jus ao seu nome e liderar um movimento de revolta cada vez maior contra o status quo da brand. Os fãs estão com ele, os fãs precisam que ele seja campeão. Façamos pois votos para que em breve o representante máximo da Raw possa ser MISTEEEEEEEER KEN-NE-DYYY...

...Kennedy.
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