Blog Pro Wrestling Portugal: TNA iMPACT! de 30/11/2006



TNA iMPACT! de 30/11/2006


O iMPACT! desta semana correspondeu definitivamente ao desígnio de "60 minutos de adrenalina" que a companhia utiliza para o promover. No entanto, isso não é necessariamente algo positivo. O que acabamos por ter no final é um programa que na realidade nem tem uma hora (são só 40 e poucos minutos de tempo real, descontando os intervalos publicitários) e onde acontecem mil e uma coisas, sendo que praticamente nada tem tempo de ser desenvolvido propriamente e de causar uma impressão duradoura. Tendo dito isto, foi apesar de tudo um programa bem mais lógico e contido do que geralmente Vince Russo tem tendência a fazer. Cumpriu bem o seu intuito de entreter e simultaneamente avançar com as storylines a prepararem o próximo PPV.

O programa abriu com dois bons vídeos a relembrarem o que de mais importante aconteceu na semana passada. Primeiro, o pacto entre Kurt Angle e Samoa Joe de que se irão proteger um ao outro até ao PPV para que Angle lhe conceda um rematch. Depois, o triângulo Abyss, Sting e Christian, em que no combate entre estes dois últimos, Tomko apareceu no ringue e atacou Sting, reassumindo o seu papel de enforcer de Christian, depois de já o ter feito na WWE.

Os LAX, ainda antes da apresentação, fazem uma promo em que acusam de Jim Cornette de discriminação por lhes querer tirar os títulos. Prometem ainda que vão mostrar ao "canadiano covarde" Petey Williams e ao "overrated" Kurt Angle, que simboliza tudo o que eles desprezam nos E.U.A., o que é a verdadeira violência, num combate de tag pelos títulos mais logo.

Depois da apresentação, Christian faz a sua entrada juntamente com Tomko. Já no ringue, apresenta o seu enforcer como o único homem em quem sabe poder confiar com toda a segurança e garante com a sua ajuda irá conquistar de novo os título de campeão mundial da NWA. Desafia também Abyss a aparecer, insinuando que ele e Tomko já cruzaram caminhos antes. Abyss surge então acompanhado de James Mitchell, mas surge então do tecto um boneco de Sting, que serve de distracção e permite ao verdadeiro Sting atacar Christian e Tomko com o seu taco de basebol, fazendo-os fugir para os bastidores. Sting lança então a Abyss o desafio de mais tarde vir ter uma conversa com ele "olhos nos olhos", de "homem para homem", sem James Mitchell. Bom segmento para desenvolver o confronto entre os três participantes no combate triple threat pelo título da NWA no "Turning Point", mas como é habitual, com demasiada coisa a acontecer em pouco tempo.

Nos bastidores, vemos os LAX a atacarem James Storm, deixando-o ensanguentado. Logo de seguida, o primeiro combate do programa.

Combate "Ameaça Tripla" pelo direito a ser candidato ao título da X-Division
Chris Sabin vs. Jay Lethal vs. Sonjay Dutt

O campeão, Christopher Daniels, é o convidado especial na mesa dos comentadores, onde enfatiza a falta de respeito que Sabin tem demonstrado por pioneiros da divisão como ele, AJ Styles ou Jerry Lynn, que a tornaram no que é. O combate em si foi muitíssimo curto, apenas uma exibição de spots. Após Lethal ter feito um full nelson suplex a Dutt, Sabin arremessa-o para fora do ringue e limita-se a fazer o cover a Dutt, "roubando" assim a vitória. Estes combates não servem para rigorosamente nada, não elevando ninguém que participa neles e não ajudando a apresentar de forma destacada e credível a X-Division, que é um dos principais pontes fortes da TNA.

Após o combate, Sabin vai provocar Daniels à mesa dos comentadores, sendo que é Jerry Lynn que acaba por aparecer a acalmar Daniels para não se deixar afectar por Sabin e não entrar em confronto com ele já agora.

Nos bastidores, os LAX atacam mais um dos membros dos AMW, desta feita Chris Harris.

Depois temos um segmento dos VKM (Voodoo Kin Mafia, um trocadilho com as três inicias de Vince K. McMahon), em que estes, junto à sede da WWE, chamam por Vince, Triple H e Shawn Michaels, pedindo que estes apareçam e os confrontem. BG James diz para Vince aparecer, mas com as calças vestidas e para deixar o tipo gordo nú untado em óleo no edifício. Toda esta história dos VKM é parva... Não é que os alvos não sejam apropriados e muito do que digam não seja verdade (particularmente a forma como os DX se comportam ridiculamente e a WWE tem muito material de gosto duvidoso), mas é extremamente contraproducente ter dois ex-wrestlers da WWE, da mesma idade de HHH e HBK, antigos membros da D-Generation X, a fazerem este tipo de coisas. A TNA também não tem nada a ganhar em "confrontar" a WWE desta forma. A melhor forma de o fazer é com programas e PPVs melhores que os dela, com mais e melhor wrestling, com um produto mais sério, moderno e realista. Mesmo que BG e Kip digam uma ou outra coisa engraçada, como foi o caso desta vez, não deixa de ser algo totalmente inútil e triste.

Em seguida, temos uma entrevista de Mike Tenay a AJ Styles, em que foi confrontado com o seu comportamento recente. Este foi um segmento muito bom mesmo! Não que não tivesse algumas falhas, com os dois a evidenciarem por vezes tratar-se de um guião que estavam a seguir, por vezes atrapalhando-se ou não reagindo de forma muito autêntica. Mas foi muito bem pensado e o Styles evidenciou muita personalidade, algo que é frequentemente tido (e justamente) como uma das suas principais pechas. Styles basicamente disse que ninguém tem de se meter na sua vida, que ele sempre conquistou tudo o que conquistou na carreira por si próprio, tendo vindo desde baixo, enquanto filho de uma família pobre até ao topo. Tenay ia sempre contra-argumentando e dizendo que todos só o queriam ajudar, mas Styles dise que não precisava da ajuda de ninguém, que quando verdadeiramente precisou de ajuda ninguém o ajudou e que odiava que as pessoas se comportassem como se o compreendessem ou conhecessem a fundo.

Rhino então aparece em cena e tenta adverter Styles, dizendo que também teve um passado difícil e que só quer que ele não cometa os mesmos erros que ele cometeu. O "Phenomenal One" diz que está farto das intromissões de Rhino e que da próxima vez que ele se intrometer no seu caminho, haverá problemas. Como já disse, óptimo segmento, tanto para estabelecer a identidade do Styles, que fez uma entrega muito emocional, como do Rhino, ajudando a preparar o heel turn iminente do AJ, mas dando-lhe razões, complexidade mental e elementos de identificação com o público. Todos os males do Vince Russo aparte (e eles não são nem poucos nem pequenos, infelizmente), este é sem dúvida um dos seus pontos fortes: saber estabelecer personagens autênticas e credíveis, não tendo só dois tipos genéricos, de que nada se sabe, a lutar.

Seguiu-se um segmento de Kevin Nash com os membros da X-Division. Nash, vestido de médico, comunica que todos passaram nos testes a drogas e esteróides e estão dispensados, embora confidencie a Alex Shelley que ele testou positivo, não a nenhuma substância, mas sim a Clamídia (uma doença sexualmente transmissível). Nash pede depois a Shelley e Austin Starr que ganhem o seu combate de tag e o façam orgulhoso.

Combate de equipas [2-2]
Alex Shelley e Austin Starr vs. Lance Hoyt e Ron Killings

Mais outro combate curtísssimo e sem nada de especial. O importante aqui foi que Shelley conseguiu o pin após puxar as calças a Hoyt. O árbitro não viu e declarou Shelley e Starr vencedores, só que este último mostrou ao árbitro o que Shelley tinha feito, levando-o a reverter a decisão e declarar Hoyt e Killings vencedores por desqualificação. Esta foi uma situação algo incompreensível e que não foi minimamente explicada. Em princípio será na próxima semana e isto funcionou como isco, mas mesmo assim não gosto de situações pouco lógicas que ficam em suspenso, sem que ninguém pelo menos se espante com o facto de elas acontecerem.

De volta aos bastidores, Traci Brooks, a manager de Robert Roode, está à conversa com Eric Young, desafiando-o para o PPV. Só que não se trata de um combate, mas sim de um concurso de bikini!!! Estúpido, estúpido, estúpido...

De seguida, passou um vídeo muito bom, bastante enigmático e sombrio, acerca do novo grupo liderado pelo Raven, que pelos vistos se vai chamar Serotonin. Algumas frases mencionadas foram "Onde outros vêm medo, nós vemos oportunidade" e "Nós podemos tornar-te em algo melhor, quer queiras, quer não". Intrigante e mais um óptimo vídeo, vejamos é se depois não vão meter logo os membros do grupo a fazer jobs a torto e a direito, como costuma acontecer.

Voltamos mais uma vez aos VKM, junto à sede da WWE. É já de noite e os dois dormem em saco camas à porta do edifício, até que Kip James acorda sobressaltado, dizendo que teve um pesadelo com o Big Dick Johnson (o tipo gordo nú untado em óleo que costuma aparecer na WWE). BG diz que pior que ele ter tido um pesadelo com isso é a WWE mostrar isso nos seus programas e afirmou que eles os dois são a última linha de defesa da América perante a má televisão. Sim, sim, logo os dois ex-DX que até hoje continuam com maneirismos e expressões super-antiquadas e palermas... Mais uma vez, não que não tenham razão no que digam, mas ao fazerem isto apenas fazem também figuras tristes.

No ringue, Sting espera por Abyss, que finalmente aparece. Sting faz um discurso, dizendo que Abyss fez muito na TNA, que sempre se sacrificou e deu tudo de si para chegar onde chegou agora, a campeão. Sting diz que Abyss é uma grande wrestler, só não percebe é porque é que ele se deixa controlar como um animal de estimação, como um boneco, por James Mitchell. O quê ou quem é que ele busca, interroga-se o antigo campeão. Sting utiliza então o nome real de Abyss, Chris. Isso é estúpido, não vejo a necessidade ou sequer a utilidade disso. James Mitchell aparece então e ri-se de Sting, dizendo que Sting sabe bem pregar, mas devia-se era preocupar consigo próprio antes de se preocupar com os outros, porque ele demonstrou no Genesis ser igual ao Abyss, libertando toda a sua raiva e o seu lado negro. Sting fica pensativo, como quem admite que em certa parte assim é, mas limita-se a dizer a Abyss que ele próprio é que faz as suas próprias escolhas, mais ninguém, abandonando em seguida o ringue.

Christian e Tomko aparecem então e atacam um Abyss desprevenido, até que Sting regressa e expulsa os dois agressores. Sting estende a mão a Abyss, que hesita, só que entretanto surge James Mitchell, que esbofeteia Sting e arrasta Abyss para fora do ringue. Os comentadores mencionam que agora é Sting que está a fazer jogos mentais com James Mitchell, como retribuição ao que aconteceu a caminho do Genesis. Muito bom desenvolvimento também. Mais uma vez, os fortes de Russo. Há toda uma mistura de sentimentos, emoções e relacionamentos envolvidos neste conflito a três, sem nada simplista, "preto no branco". Sting sente-se muito confortável neste tipo de conversa espiritual, pois é algo que o afecta directamente. Começa também a serem mais claros os motivos que levaram à mudança do título no Genesis e à forma como ela se deu, com a desqualificação de Sting. Embora ainda ache que foi algo completamente disparatado e muito mal executado, pelo menos estão agora a explicar as razões porque as coisas assim foram e a fazê-lo de forma credível.

Novamente nos bastidores, Petey Williams prepara-se para ser entrevistado antes do combate de equipas contra os LAX em que vai fazer parelha com Angle, mas antes disso é atacado pelos LAX.

Combate de equipas pelos títulos Tag da NWA
LAX (Homicide e Hernandez) [c] vs. Kurt Angle

Petey Williams fica incapacitado de participar no combate, pelo que Angle fica numa situação de handicap perante os seus adversários. Mesmo assim, Angle sai-se muito bem sozinho, até que ao se preparar para fazer o Olympic Slam a Homicide, Hernandez intervém com um pontapé na perna de Angle. Os dois passam então a usar a vantagem numérica, alvejando sempre a perna de Angle com os seus golpes. Até que aparece Samoa Joe! Como parte do pacto estabelecido entre os dois, Joe vem em auxílio de Angle e coloca-se no seu canto. Quando Angle finalmente consegue fazer o tag, Joe entra e limpa o ringue. O combate termina quando Angle faz um choke a Homicide e Angle, logo em seguida, um Ankle Lock a Hernandez. O sino toca, só que ficamos a saber que não porque temos novos campeões, mas sim porque Jim Cornette diz que o combate não foi sancionado e não conta, visto ser suposto Petey Williams estar envolvido e não Samoa Joe.

Este foi um combate também muito curto, nem sequer cinco minutos, o que é pena, pois tinha imenso potencial, e a TNA precisa de focar nos seus pontos fortes, precisamente o wrestling, tendo pelo menos um combate maior por programa. O final, embora um no-contest, foi lógico e é de louvar que pelo menos desta vez não se tenham feito coisas que desrespeitam todas as regras todo e qualquer senso comum (como foi o caso da desqualificação do Sting no Genesis, da Reverse Battle Roya e afins). Também gostei da interacção Joe-Angle, que cria mais intriga para os futuros desenvolvimentos, de saber se os dois vão manter o seu acordo. Agora, o que foi negativo foi ter a equipa mais popular e de maior sucesso este ano na TNA (e até possivelmente do mundo do wrestling globalmente), campeões, a ser apresentada de forma algo fraca, como aqui foram. Tudo bem que o Angle e o Joe são os dois wrestlers de topo da companhia, mas mesmo assim Homicide e Hernandez deviam ter sido mais protegidos e apresentados como uma maior ameaça.

Como último acontecimento, após o combate, Angle estende a mão a Joe, que corresponde. O programa termina com um bom vídeo musical com os destaques do que aconteceu.

Como já disse, um programa a mil à hora, em que aconteceu imensa coisa, dir-se-ia até, e bem, demasiada. No entanto, o positivo é que a maior parte dos segmentos teve um bom propósito e foi bem concebida. A meu ver é também negativo ter havido tão pouco tempo de wrestling, com a grande maioria do tempo a ser ocupada por angles e storylines. A TNA precisa de se diferenciar da WWE e este é um dos pontos em que podia e devia fazê-lo, pela positiva. Ainda assim, também é verdade que precisamente as histórias e as personagens eram um dos pontos fracos da companhia, sendo extremamente importantes para criar interesse e envolvimento nas pessoas pelos feuds e consequentes combates. Neste ponto, o programa funcionou bem, só me parece que o wrestling não devia ser descurado por causa disso.

Nota - Texto também no blog CrónicasDoWrestling.
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