O voto (in)útil
Aproxima-se rapidamente o Taboo Tuesday, o revolucionário PPV da WWE em que serão os fãs a determinar os participantes, os tipos de combates, e as suas consequências. Em breve, a votação terá início, e milhares de opiniões determinarão as características dos combates do PPV.
Mas não o seu desfecho.
Se o leitor ainda está a ler isto, é bem provável que seja fã de wrestling. Mas se fôr daqueles que acha que os resultados dos combates não são predeterminados, então deve parar por aqui.
OK, foram avisados.
Em suma: os resultados dos combates são predeterminados.
Seja qual fôr o resultado das votações que conduzirão ao "card" do Taboo Tuesday, os resultados dos combates em si estarão predeterminados. Quer o candidato ao título mundial de pesados seja Shawn Michaels, Edge ou Chris Benoit, o resultado será sempre o mesmo, e predeterminado. Se estiver predeterminado que Eric Bischoff perderá contra Eugene, não influirá nada nessa determinação que a consequência do combate seja qualquer uma das possíveis.
Todos os fãs de wrestling, mais cedo ou mais tarde, chegam ao ponto em que se liga uma luz nas suas mentes, e descobrem, muitas vezes com desilusão total, que os resultados da esmagadora maioria dos combates que vêm nos seus ecrãs foram determinados de antemão, e que a maior parte das tropelias dentro e fora do ringue são combinadas.
Mas ainda assim, muitos não perdem o seu desencanto, pela mesma razão pela qual continuamos a ver filmes, séries e peças de teatro: tão ou mais importante como o lugar para onde se vai, é a forma como se vai.
Quando vamos ao cinema, não passamos o filme todo a dizer "Ah, isto é tudo mentira, eles são todos actores que decoraram um papel". Pelo contrário, consideramos as pessoas que dizem isso no mínimo, idiotas, e no máximo, retardadas. O mesmo tipo de pessoas faz o tipo de comentários que quase todos os fãs de wrestling conhecem, e que aprenderam a ignorar com irritação contida. Quem gosta mesmo destas formas de entretenimento, ao vê-las, liga um mecanismo mental que nos permite continuar a apreciá-las, mesmo tendo consciência da sua não autenticidade: é a chamada suspensão de incredulidade, ou "suspension of disbelief".
Vince McMahon, na WWE, é o equivalente do Feiticeiro de Oz, tentando convencer toda a gente que o seu bravado é autêntico, quando na verdade é tudo fogo de artifício manipulado de atrás das cortinas. Mas nesta versão da história, o "Feiticeiro" tem o rabo à mostra por entre as cortinas, com um quarto das pessoas que passam a rirem-se dele, outro quarto aos pulos a gritar "há um tipo atrás das cortinas a manipular isto tudo", outro quarto que nem sequer repara no rabiosque à mostra, e o quarto final que sabe que o rabo está lá, mas prefere continuar a gozar o espectáculo.
Sem dúvida que Vince McMahon sabe que a maior parte dos fãs de wrestling está consciente da vertente coreografada e predeterminada do Pro-Wrestling. Mas isso não o impediu de tentar apostar na "interactividade" como última ferramenta para melhorar as fracas audiências que a programação da WWE tem tido ultimamente. Pensou ele: talvez se o fã tiver a percepção de que está a ter influência para o espectáculo, adira mais a este. Mas é possível que Vince tenha subestimado a natural desconfiança do fã: se este sabe que os resultados dos combates são predeterminados, o que lhe garante que os resultados desta "interactividade" não o são?
E aí reside o grande dilema do fã, e a possível causa para o desaire deste "Taboo Tuesday". Independentemente do facto dos resultados das votações serem manipulados ou não, seria pouco provável que o chefão da WWE deixasse as suas "storylines" descarrilarem devido à interferência dos fãs. Por isso, das duas uma: ou as votações não são manipuladas, e nesse caso é quase garantido que não veremos quaisquer título a mudar de mãos na próxima 3ª Feira; Ou então elas são manipuladas, e poderão haver progressões nas "storylines" originalmente desenhadas pelos McMahon, incluindo transições de títulos.
Porém, neste último caso, todo o aparato da interactividade não terá passado de mais um fogo de artifício manipulado pelo Feiticeiro mal escondido.
Será que os fãs do quarto final estão dispostos a engolir esta possibilidade?
Ou será que, ao ouvirem os sinos da desconfiança tilintar, acabarão por dar um belo pontapé no rabiosque arrebitado do Feiticeiro?
Só o futuro poderá dizer. Talvez este Taboo Tuesday não tenha sido, afinal, assim tão boa idéia...
Mas não o seu desfecho.
Se o leitor ainda está a ler isto, é bem provável que seja fã de wrestling. Mas se fôr daqueles que acha que os resultados dos combates não são predeterminados, então deve parar por aqui.
OK, foram avisados.
Em suma: os resultados dos combates são predeterminados.
Seja qual fôr o resultado das votações que conduzirão ao "card" do Taboo Tuesday, os resultados dos combates em si estarão predeterminados. Quer o candidato ao título mundial de pesados seja Shawn Michaels, Edge ou Chris Benoit, o resultado será sempre o mesmo, e predeterminado. Se estiver predeterminado que Eric Bischoff perderá contra Eugene, não influirá nada nessa determinação que a consequência do combate seja qualquer uma das possíveis.
Todos os fãs de wrestling, mais cedo ou mais tarde, chegam ao ponto em que se liga uma luz nas suas mentes, e descobrem, muitas vezes com desilusão total, que os resultados da esmagadora maioria dos combates que vêm nos seus ecrãs foram determinados de antemão, e que a maior parte das tropelias dentro e fora do ringue são combinadas.
Mas ainda assim, muitos não perdem o seu desencanto, pela mesma razão pela qual continuamos a ver filmes, séries e peças de teatro: tão ou mais importante como o lugar para onde se vai, é a forma como se vai.
Quando vamos ao cinema, não passamos o filme todo a dizer "Ah, isto é tudo mentira, eles são todos actores que decoraram um papel". Pelo contrário, consideramos as pessoas que dizem isso no mínimo, idiotas, e no máximo, retardadas. O mesmo tipo de pessoas faz o tipo de comentários que quase todos os fãs de wrestling conhecem, e que aprenderam a ignorar com irritação contida. Quem gosta mesmo destas formas de entretenimento, ao vê-las, liga um mecanismo mental que nos permite continuar a apreciá-las, mesmo tendo consciência da sua não autenticidade: é a chamada suspensão de incredulidade, ou "suspension of disbelief".
Vince McMahon, na WWE, é o equivalente do Feiticeiro de Oz, tentando convencer toda a gente que o seu bravado é autêntico, quando na verdade é tudo fogo de artifício manipulado de atrás das cortinas. Mas nesta versão da história, o "Feiticeiro" tem o rabo à mostra por entre as cortinas, com um quarto das pessoas que passam a rirem-se dele, outro quarto aos pulos a gritar "há um tipo atrás das cortinas a manipular isto tudo", outro quarto que nem sequer repara no rabiosque à mostra, e o quarto final que sabe que o rabo está lá, mas prefere continuar a gozar o espectáculo.
Sem dúvida que Vince McMahon sabe que a maior parte dos fãs de wrestling está consciente da vertente coreografada e predeterminada do Pro-Wrestling. Mas isso não o impediu de tentar apostar na "interactividade" como última ferramenta para melhorar as fracas audiências que a programação da WWE tem tido ultimamente. Pensou ele: talvez se o fã tiver a percepção de que está a ter influência para o espectáculo, adira mais a este. Mas é possível que Vince tenha subestimado a natural desconfiança do fã: se este sabe que os resultados dos combates são predeterminados, o que lhe garante que os resultados desta "interactividade" não o são?
E aí reside o grande dilema do fã, e a possível causa para o desaire deste "Taboo Tuesday". Independentemente do facto dos resultados das votações serem manipulados ou não, seria pouco provável que o chefão da WWE deixasse as suas "storylines" descarrilarem devido à interferência dos fãs. Por isso, das duas uma: ou as votações não são manipuladas, e nesse caso é quase garantido que não veremos quaisquer título a mudar de mãos na próxima 3ª Feira; Ou então elas são manipuladas, e poderão haver progressões nas "storylines" originalmente desenhadas pelos McMahon, incluindo transições de títulos.
Porém, neste último caso, todo o aparato da interactividade não terá passado de mais um fogo de artifício manipulado pelo Feiticeiro mal escondido.
Será que os fãs do quarto final estão dispostos a engolir esta possibilidade?
Ou será que, ao ouvirem os sinos da desconfiança tilintar, acabarão por dar um belo pontapé no rabiosque arrebitado do Feiticeiro?
Só o futuro poderá dizer. Talvez este Taboo Tuesday não tenha sido, afinal, assim tão boa idéia...
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2 Comentários:
Na minha opinião a "interactividade" é relativa. Seja qual for o resultado, já deve estar tudo preparado para sair uma coreografia de combate sólida e consistente. Isto no caso do Y2J e do HHH.
Dúvido muito que o título deste último vá mudar de mãos. Cá para mi vamos ter que o grmar como campeão durante 6 a 7 meses. Agora estou para ver qual vai ser o adversário de Jericho. Se for o Batista tenho a certeza que os votos são manipulados. Tal como aconteceu com o Raw Diva Search.
Depois nenhum combate foi decidido ou escolhido pelos fans. Apenas pequenos detalhes menores é que nos calham, as migalhas. Vince está com mais uma maquinação das suas, mas não estou a ver bem qual é. Se ele quer recuperar as audiências, não acho que seja um PPV que o vá fazer. Acho que emissões da Raw com qualidade sim.
Existe uma perda de confiança por parte dos fans em relação à WWE, por causa das politicas de Vince. Muitos até podem nem saber as mexidas de bastidores, mas sentem quando estão na arena a ver o show ao vivo. algo de estranho paira no ar.
E também não entendo porque esta "interactividade" não chega à SD!. Faria muito mais sentido ver um PPV Taboo Tuesday feito em conjunto pela Raw e pela SD!.
Vince, se falhas, enterras-te.
Numa votação pelo público, quase sempre há de ganhar um "face". Como tal, a minha aposta nesse aspecto vai para o Rhyno. Depois dele, por ordem de probabilidades: William Regal, Shelton Benjamin, Christian e Batista.
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