Blog Pro Wrestling Portugal: Da Boca do Lobo - Quem salva a Smackdown?



Da Boca do Lobo - Quem salva a Smackdown?

No princípio do ano de 2002, Vince McMahon colocou em prática um dos seus planos mais ambiciosos desde que adquiriu a WWF no princípio da década de 80, ao efectuar a divisão da WWE em duas marcas separadas e distintas: de um lado, a Raw, e de outro a Smackdown!, cada qual com as suas estrelas, os seus feuds, e os seus títulos. A idéia original era aumentar a exposição pública da promoção, e possibilitar a criação de mais main eventers, mais figuras populares que pudessem eventualmente trazer dinheiro e audiências à programação. Era também um pretexto para a criação de mais PPV's, gerando assim a distinção entre PPV's "normais" (que abrangiam apenas uma das marcas) e inter-promocionais, reduzidos a 4 por ano. Ao mesmo tempo, Vince pretendeu também criar nichos em cada marca para fãs de estilos mais específicos de wrestling: enquanto que a Raw passou a focar mais os super-pesados e a divisão feminina, a Smackdown era a casa do wrestling mais técnico e dos meios-pesados.

Quatro anos depois, em que ponto estamos? Apesar de um ano seguido a tentar promover a imagem da Smackdown face à sua marca irmã, a marca azul continua a ser vista pela maior parte dos fãs como a "divisão secundária" da WWE. Em virtude de uma série de decisões desastrosas ao nível do roster, o "star power" da Smackdown é menor do que nunca. Vejamos os principais problemas que afligem neste momento os bastidores da Smackdown:

Neste momento, o uppercard e o midcard são raquíticos. Em virtude de uma série de saídas e lesões, várias das figuras chave da marca foram colocadas fora de cena, e ninguém parece aprestar-se a tomar o lugar delas. As feuds principais da Smackdown, neste momento, giram à volta de uma quantidade limitadíssima de workers: JBL, Rey Mysterio, Randy Orton, Chris Benoit e Booker T. Prestem atenção ao facto de estarem aqui incluídos dois wrestlers que, até recentemente, estiveram envolvidos durante meses na disputa pelo título secundário da divisão - algo que deveria servir mais para promover novos talentos de que para entreter valores confirmados como Booker e Benoit.

Quem poderia ser, à primeira vista, adicionado a esta mistura? O Undertaker não passa de cenário, não assumindo desde há muito tempo um papel na luta pelo título, nem tendo já a energia para manter o ritmo de trabalho necessário para tal. A ascensão meteórica de Bobby Lashley corre o risco de ser travada a qualquer momento pela sua falta de carisma e as suas enormes limitações ao microfone. Mark Henry é um perigo dentro do ringue, e é só um remendo temporário a utilizar para que a WWE não desperdice o pouco que resta da asneira que fez ao assinar um contrato de 10 anos com aquela besta. O Boogeyman é uma atracção de circo que nos faz remontar à WWF de há 15 anos atrás - divertido, mas inconsequente.

E o que acontece mais abaixo? Matt Hardy parece estar destinado a colidir permanentemente com o "tecto de vidro" da sua ousadia em colocar em público os podres da sua vida pessoal e profissional. William Regal e Paul Burchill, dois excelentes wrestlers técnicos, foram renegados para o inferno da divisão fantasma de tag teams. Orlando Jordan, foi o que se viu quando ele deteve o título dos EUA. E no entanto, não são dadas oportunidades aos elementos do lowercard (também conhecido, essencialmente, como divisão de meios-pesados) de subir na escada hierárquica da companhia.

A propósito da divisão de tag teams, é fantástico ver como algumas das melhores tag teams actuais da WWE estão na Smackdown, e apesar disso, continua a não se fazer nada com elas. Não existem dúvidas na minha mente de que os actuais campeões, os MNM, são a melhor tag team actual na WWE. Outras tag teams de qualidade presentes são os Mexicools, Regal e Burchill, London e Kendrick, os FBI (se é que Nunzio e Vito ainda usam esse nome), e até mesmo os revivalistas Legion of Doom e os novos (e desprovidos de personalidade) Dicks. Sete tag teams. Zero feuds. Tanto potencial, e no Survivor Series, Vince preferiu entregar o título a uma tag team de arremedo de Rey Mysterio e Batista para lutarem com o Big Show e Kane, e deixar os injustiçados MNM a lutar com os Mexicools, sem feud e com grau de antecipação zero. Para cúmulo, os MNM recuperaram o título pouquíssimo tempo depois - uma forma de lhes dizer "vocês são bons o suficiente para ter o título do raio da divisão, mas não são bons que cheguem para terem um feud e um combate de jeito num PPV".

A divisão de meios-pesados perdeu todo o seu significado há muito tempo, e já nem existe preocupação em criar feuds para a divisão, que agora aparece mais vazia do que nunca - especialmente desde a saída de Billy Kidman e Rey Mysterio, este último parecendo, felizmente, destinado a vôos mais altos. Kid Kash recebeu o título sem sequer ter tido um push significativo, simplesmente porque era necessário tirá-lo das mãos de Juventud, que estava de partida. A maior parte dos meios-pesados está agora agrupada em tag teams - e para dizer a verdade, acaba por ser a melhor coisa a fazer. Junte-se definitivamente Funaki a Scotty 2 Hotty, Jamie Noble a Kid Kash, Steven Richards a Matt Hardy (porque não? A attitude é semelhante), e elimine-se o título de meios-pesados. Talvez assim regresse a motivação para ter alguns feuds de jeito na divisão de tag teams da Smackdown.

A última medida da WWE para retornar a vitalidade à Smackdown foi a entrega do Título Mundial de Pesados a Kurt Angle, numa surpresa que apanhou todos desprevenidos. No entanto, ainda é pouco claro se a WWE pretende ou não colocar Angle na Smackdown. Porém, seria altamente aconselhável fazer isso, porque o roster da marca azul precisa de todo o star power que puder angariar. Angle também é a pessoa certa para ser o "top heel" da Smackdown, já que é um wrestler capaz de fazer qualquer um parecer forte no ringue, tal como Chris Benoit. Um novo combate entre estes dois seria um fortíssimo chamariz para o card de qualquer PPV, e isso é algo que Vince deverá ter em conta.

Mas será que estas medidas são suficientes, e mesmo que sejam, será que virão a tempo? A percepção pública da Smackdown pelo público em geral está pior do que nunca, e isso só terá tendência a piorar devido à marca não poder mais contar com figuras como Eddie Guerrero, Batista, Christian e Ken Kennedy. Com o contrato televisivo da Smackdown por um fio, era de desconfiar que o recente feud Smackdown vs. Raw fosse conducente à dissolução da divisão entre marcas. Porém, passados dois meses, tal já não parece evidente, e a rivalidade entre marcas parece ter-se desvanecido. É necessária uma solução urgente para a Smackdown, e o panorama actual não é animador: um marasmo parece ter-se apoderado da marca ao nível de storylines. Talvez 2006 traga melhores dias para a Smackdown. Embora na minha opinião, a divisão entre marcas devesse acabar, muitos dos meus combates e feuds favoritos deste último ano sucederam à Sexta-Feira, e não a uma Segunda... e seria uma pena que tal deixasse de acontecer.
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